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domingo, 28 de fevereiro de 2021

De caminho para…

 

 

De caminho para

Pouco a pouco, a situação na África-Central está lentamente melhorando, ainda que seja de modo provisório, e só em algumas zonas. O futuro é pouco claro, e a longo prazo temo que os problemas continuem afligir esta maravilhosa terra.

Os refugiados de Bouar voltaram todos às suas casas, graças a Deus e à ajuda de muitas pessoas. Agora há que pensar em como consolidar este regresso, e como ajudar para que a vida recomece de novo.

Sábado e Domingo pude ir às pequenas aldeias de Zoungbe e de Balembe, onde celebrei a Missa.

E na segunda-feira pela manhã saí para Bangui. Com um pouco de receio, pois esta estrada  (a única que permite a chegada das mercadorias à capital) está bloqueada já há  dois meses pelas tropas rebeldes. Há duas semanas os militares russos, ruandeses e centro-africanos estão tentando libertá-la, e já se vêm passar los primeiros comboios (debaixo forte escolta), supervisionados por helicópteros.

Saí às 5 horas de Baoro. A viagem é difícil, porque há muitas barreiras (check-point) vigiadas por militares. Porque praticamente não há tráfico: encontramos apenas algumas motorizadas, um ou dois carros, e nada mais.

Às 10,30 cheguei a Bangui, e respirei profundamente. Fui rapidamente ao Instituto Pasteur para fazer o teste Covid-19, para poder entrar no avião que me levará à Itália.

Na terça-feira passei o dia em vários encontros e reuniões, esperando o resultado do teste, que por fim chegou, às 8 da manhã de quarta-feira, precisamente três horas antes do avião sair.

A viagem para a Itália foi tranquila, e ontem, quinta-feira 25 de fevereiro, cheguei a Cuneo.

Estarei em Itália algumas semanas, para estar um pouco com minha família depois da morte minha Mãe, e também para me encontrar, se é que o permite o Covid-19, com os meus Irmãos Carmelitas, e os amigos.

 


Gauthier et p.Matteo

Bouar - I rifugiati lasciano il sito della Cattedrale e tornano alle loro case
Les déplacés du site de la Cathédrale retournent à leur maisons



Zoungbe

Balembe



Sulla strada verso Bangui: un camion bruciato
Sur la route vers Bangui: un camion brulé

Cuneo




 

 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Se abre uma estrada, lentamente

 

 

Se abre uma estrada, lentamente

Lentamente, muito lentamente, a África-Central parece começar a melhorar um pouco, da situação dramática, que se arrasta já há dois meses.

Hoje começam a passar os primeiros comboios de camiões, em direção a Bangui. Desde o dia 22 de dezembro nenhum camião tinha conseguido forçar o bloqueio instaurado pelos rebeldes, e a capital se tem encontrado em grandes dificuldades. Os preços duplicaram e triplicaram, pondo uma dura prova às famílias. Também as aldeias, ao longo da estrada, sofreram repercussões económicas, devidos a acabar-se as vendas de verdura, furta, mandioca, lenha, carvão e diversos serviços aos camiões que passam por ali (todas as semanas eram 600 a 1.000 camiões, que passavam, nos dois sentidos).

Graças a Deus também a situação em Bouar começa a melhorar. Graças à ajuda de muitos, em particular da CRS (Cáritas dos Estados Unidos), de Siriri. OPS (Praga) e de muitas pessoas de bom coração, no sábado 13 de fevereiro, podemos organizar uma grande distribuição. Mais de 2.800 Famílias (quase 17.000 pessoas) estavam abrigadas nas dependências da catedral: Fátima, São Lourenço, São Miguel, Santo Elias e nos três seminários. E todas as Famílias receberam: arroz, azeite, sardinhas, açúcar, café, nozes, polpa de tomate, sabão e detergente.

Graças a esta ajuda, e ao facto da melhoria da situação, muitas pessoas puderam voltar às suas casas. Hoje, quinta-feira 18 de fevereiro, estou de passagem por Bouar, impressionou-me a diferença entre a situação atual, e a da semana passada.

Sobre 17.000 pessoas, agora encontram-se apenas 2.000 a 3.000, que devem partir nos próximos dias.

No sábado, enquanto Sacerdotes e voluntários de diversos lugares distribuem as ajudas, eu pude seguir em transmissão direta (as maravilhas tecnologia: https://www.youtube.com/watch?v=jlzFULgeaE8&feature=youtu.be) a Missa do funeral da minha Mãe. Um momento muito difícil, mas cheio de gratidão a Deus pelo dom que me deu, e que Ele nos deu, na pessoa da minha.

A graça e o afeto de muitíssimas pessoas que, de um modo ou de outro, me manifestaram a sua proximidade (com a Oração, e centenas de mensagens) ajudaram-me e me apoiaram, muito. Obrigado!

Permitem-me partilhar convosco a carta que mandei à minha Mãe, e que a minha irmã Marisa leu durante o funeral:

 Olá, mamã!

Quero saudar-te uma vez mais. E sei que não será a última.

Sou o Aurelio, o teu filho que está mais longe. Mas estou igualmente próximo, apesar dos quilómetros, graças à oração e ao carinho.

Em setembro de 1992, quando eu estava para partir, definitivamente para a Missão da África-Central, despedimo-nos no hospital. Tinhas preparado tudo para me acompanhar, tu e o papá, até Paris. Mas tinhas caído, quebrado uma vértebra, e não podias sair do hospital.

Quando fui despedir-me de ti pela última vez, antes de partir, em setembro de 1992, recordo-me de que me abraçastes com carinho, e com muita força. E não choraste. Tenho a certeza de que choraste depois de eu ter saído de casa. Mas querias que eu partisse tranquilo.

É “um pouco” a imagem de toda a tua vida: deixar sempre passar os outros, não constituir um peso para os outros, e não ser um estorvo….

E não quiseste incomodar ninguém, nem para morrer, deixando-nos um pouco de repente, ainda que depois de muitos meses de sofrimento e decadência.

Ontem eu vi-te, graças ao telefone: bem vestida, e com o Rosário nas mãos.

Quantos rosários desfilaram pelas tuas mãos!

Quantos tajarin e raviole fizeram as tuas mãos!

Quantas carícias e guloseimas as tuas mãos nos ofereceram!

Quantas fazendas, e tecidos, costuraram as tuas mãos! Cortinas, toalhas, roupa de cama, almofadas e pegas… espalhados na Itália em África!

Uma fé forte e simples, e a alegria de proporcionar alegria aos demais.

Agora estarás, por fim, com o papá, com o Giuseppe, com a Luisella. E com tantos amigos e amigas que encontrastes, e aos quais alegrastes com as tuas atenções e o teu afeto, durante tanto e tantos anos.

Vais fazer muita falta, mamã, a mim, a Giovanni, a Marisa a Flavio e a Franca. Sentirão muitíssimo a tua falta os teus netos: Daniela, Mauri, Valentina e Lu.

Mas a tua vida deixa um lindo testemunho, e não podemos senão agradecer a Deus por nos ter dado a tua pessoa, e termos podido gozar de ti durante tantos anos….

E continuarás, e disso estou mais seguro, de que vais estar sempre perto de nós.

Continuarás, como sempre fizeste, estando orgulhosa de cada um de nós, filhos e netos.

Ajuda-nos e acompanha-nos, de forma a que mereçamos sempre o teu orgulho…

Adeus, mamã.



Saint Elie a una settimana di differenza: prima e ora
Saint Elie à une semaine de différence: avant et maintenat

Saint Elie a una settimana di differenza: prima e ora
Saint Elie à une semaine de différence: avant et maintenat

Distribuzione viveri ai rifugiati della Yolé Carmes
Distribution des vivres aux déplacés de Yolé Carmes




Il vescovo di Bouar con i viveri da distribuire ai rifugiati
L'eveque de Bouar avec les vivres à distribuer aux déplacés

Catechismo domenicale a Samba Bougoulou
Le catéchisme, le dimanche, à Samba Bougoulou

Riprendono timidamente, ma ben scortati, i convogli di camion per bangui
La reprise des convois de camions, timidement mais bien escortés, en direction Bangui


Maman, avec mon frère Giovanni, moi, ma soeur Marisa, et toutes leurs familles
Mamma con mio fratello Giovanni, mia sorella Marisa, e tutte le loro famiglie