Número total de visualizações de páginas

sábado, 28 de outubro de 2017

Um Frade, um Sacerdote e cinco bandidos





Um Frade, um Sacerdote e cinco bandidos
Tivemos uma semana muito intensa.
 Sábado, 21 de outubro, um jovem Carmelita Centro-Africano, Frei Cristo, fez a sua Profissão  Solene: a promessa de viver em castidade, pobreza e obediência por toda a vida.
Na sexta-feira fui de Bozoum a Baoro, onde no sábado vivemos um momento intenso de celebração, e de oração. Frei Cristo foi "marcado" pelos seus pais, com um rito tradicional que recorda a entrega do filho à esposa. Depois, postrado por terra, rogamos por ele. Depois da Consagração, Frei Cristo foi recebido com um abraço por todos os Carmelitas presentes, e seus companheiros de escola, e de trabalho, que o abraçaram  dançando.
Para esta ocasião estavam presentes alguns Padres de Itália (o Provincial, P. Javier, e os PP. Javier, Anastasio, David, Andrés María e Lorenzo), e também alguns dos Camarões, e de todas as Çomunidades da África-Central.
De tarde voltámos a Bouar, para prepararmos o segundo momento da festa: as Ordenações. No Domingo três jovens foram Ordenados Diáconos, e três foram Ordenados Sacerdotes. Além dos nossos dois (Frei Cristo, Diácono, e Frei Odilón, Sacerdote) havia outros quatro jovens seminaristas da Diocese de Bouar. Era a primeira vez em cinquenta anos que havia tantas Ordenações.
Frei Cristo e Frei Odilón entraram no nosso Seminario em 2009 e em 1997 (entre outras coisas…, eu era o diretor do Seminário naqueles anos): longos anos de caminho, de procura, e discernimento
No dia seguinte, Segunda-feira, o Pe. Odilón celebrou a sua primeira Missa no Seminário: quanta alegria e emoção!
Quarta-feira pela tarde, depois de um dia em Bozoum (onde a situação dos refugiados continua sendo preocupante) voltei a Bouar, para algumas reuniões.
Mas pelas 9 h. vieram chamar-me, porque havia homens armados dentro do Seminário. Mandei alguém que procurasse telefonar para pedir ajuda, e eu dirigi-me para o campo de futebol. Estavam lá cinco jovens, armados com metralhadoras e pistolas, que gritavam e ameaçavam. Tinham levados com eles o segurança (do Seminário) e ameaçavam matá-lo. Queriam dinheiro, e as chaves do carro…. Com o Pe. Marcelo começamos a falar com eles, e enquanto o Pe. Marcelo tentava acalmá-los, dizendo que se deixassem de bobagens, que há crianças, eu faço-me “o cativo” e continuo dizendo que não lhes daremos nada. Falando, conseguimos expulsá-los para o grande portão de ferro. Um deles, cheio de drogas, começava a babar-se, e entretanto o segurança tentou libertar-se, dirigindo-se para o portão, que estava aberto. Puxámo-lo para junto de nós e fechamos o portão… e os bandidos ficaram de fora. Ouviram-se disparos, gritos e ameaças, mas já estavam fora do campo. Depois de algum tempo, começaram a chegar os jovens do povoado vizinho, armados, e depois de uma hora chega a policía, e os bandidos fugiram.
Muito medo, mas, graças a Deus, não houve nenhum ferido nem prejuizos.






l'ordinazione di p.Odilon



Fr Christo, diacono





da sinistra: p.Federico, p.Andrea Maria, p.Odilon, p.Lorenzo, p.Saverio

Prima Messa di p.Odilon

sábado, 21 de outubro de 2017

Santa Teresa e Companhia





Santa Teresa e Companhia
No Domingo, 15 de outubro, celebramos a festa de Santa Teresa. Nós, os Carmelitas, chamamo-la “Santa Madre”, porque foi ela quem reformou a Família do Carmelo. Uma Mulher forte, cheia de amor a Deus e à Igreja, que conseguiu fundar uma nova Família, começando com as Monjas de Clausura, prosseguindo depois com a Reforma dos Padres Carmelitas.
Uma das Capelas de Bozoum está dedicada precisamente a esta Santa, e no Domingo celebramos ali a Santa Missa. Precedida por três dias de preparação, a Festa foi um bonito momento de Oração e alegria.
O número de refugiados em Bozoum continua sendo elevado. Infelizmente, a situação no Norte continua muito tensa. Como temia, a operação dos Capacetes Azuis para “libertar” a zona de Bocaranga resultou numa operação de fachada. Os rebeldes não foram vencidos, só se distanciaram uns quilómetros, e continuam com as suas ações de crime. Ontem justamente recebi o testemunho de atos de viloência sexual em Nzoro, a pouca distância de Ngaundaye, por elementos do MPC….
Entre sábado e segunda-feira houve duas distribuições para os refugiados. Chegaram víveres, graças a WFP (Programa mundial para a Alimentação) e também material para a cozinha, mantas, esteiras, panos e cubos, postos à disposição por HCR (Alto Comisariados para os refugiados).
Na terça-feira começou a escola para os refugiados. O encarregado dos estudos pôs à disposição uma escola para a parte da tarde, e começamos com oito Turmas, com 210 alunos, aos quais juntaremos, logo que possível, mais alunos.
Na terça-feira, durante a manhã, fui para Bangui, buscar as Irmãs da Congregação India da Madre do Carmelo. É um momento importante, porque estão prestes a abrir uma segunda casa em Bangui, e chegaram três Irmãs (Ir. Nirmal e Ir. Pradeeba da India, e Ir. Catalina de Malawi), acompanhadas pela Vigária Geral.
Quinta-feira, de tarde, saímos para Bouar, aonde chegamos já a noite ia avançada, fomos recebidos pelos rapazes do Seminário de Yolé com grande festa.
É uma nova aposta que se abre. Com as Irmãs indias colaboramos há mais de 25 anos e, depois de alguns meses em Bouar, voltaremos a Bangui para trabalhar em particular com jovens e Senhoras, na sua  promoção.

Cappella Santa Teresa
la Chapelle de Sainte Thérèse





distribuzione viveri
distribution des vivres


Distribuzione secchi, coperte, zanzariere, materiale cucina
Distribution de seaux, couvertures, moustiquières, oustensiles de cuisine

école déplacés

l'arcobaleno, segno di benevenuto per le suore indiane


Sr Grace, sr Catherine, Sr Pradeeba, Sr Nirmal

domingo, 15 de outubro de 2017

Refugiados. 2




Refugiados. 2
O trabalho com os refugiados continua. O seu número é bastante estável, são à volta de 3.800 pessoas.
O "sistema" das ONG e Agências das Nacões Unidas revelaram-se bastante eficazes, e começam a chegar as primeiras respostas, ainda que com frequência isto leva muito  tempo para resolver toda a papelada burocrática.
Precisamente por isto, além dos medicamentos comprados, na terça-feira compramos também duas toneladas de arroz, que distribuimos rápidamente pelas mais de setecentas famílias.
Com a Cruz Vermelha, abriu-se um pequeno dispensário, que se ocupa principalmente dos refugiados que chegam apresentando-se com a carta de deslocado que tinhamos preparado para todo núcleo familiar.
Justamente nestes momentos estamos recolhendo as incrições para as escolas e esperamos poder abrir uma escola para os refugiados a partir de segunda-feira.
A solidariedade tem sido muita, aliás também porque muitos têm no coração “o vivido” durante quase dois meses entre Dezembro de 2013 e Janeiro de 2014, quando estavam refugiados aqui na Missão. Também no Domingo houve um magnifico ofertório, e o movimento S. Vicente levou géneros alimentícios e sabão, que distribuimos rápidamente.
A situação em Bocaranga continua muito incerta. Houve uma operação militar por parte dos Capacetes Azuis, mas tememos que os rebeldes simplesmente se afastaram só alguns quilómetros, para voltar depois de algumas semanas, quando os Capacetes Azuis se forem embora.
No sábado pela tarde chegou também a Bozoum um contingente de Capacetes Azuis. Tivemos muito trabalho para convencer a população para os aceitarem, porque temem que a sua presença possa ser um prelúdio para uma ocupação de Bozoum por parte dos rebeldes… 
Terça-feira, pela manhã, fui a Bangui buscar o nosso Superior Provincial Pe. Javier, e a Supriora das Irmãs indias que estão em Bouar, e que têm a intenção de abrir uma casa em Bangui.
Na quinta-feira, pela manhã, saimos antes das 5h. para chegamos a Bouar à uma hora da tarde. Depois de ter deixado as Irmãs, volto por fim a Bozoum, depois de 600 quilómetros de estrada e 11 horas a conducir.
i doni della San Vincenzo


il riso di Bozoum




p.Saverio e p.Federico




sábado, 7 de outubro de 2017

3.222 Três mil duzentos vinte e dois




3.222 Três mil duzentos vinte e dois
Continuam chegando: são centenas de pessoas (crianças, adultos, anciãos, mulheres grávidas) que fogem do pior. A cidade de Bocaranga, tomada pelo movimento rebelde 3R a 23 de setembro, está, por agora, completamente em suas mãos, e quem pode escapar escapa-se.
No sábado, dia 3, começamos a fazer o censo. Com a ajuda dos delegados, eleitos pelos próprios refugiados e pelos voluntários da Cáritas e de outras ONG, todas as famílias se apresentam e registam seus dados, com atenção particular às crianças. Intoduzimos os dados no computador e, por agora, são 3.222 pessoas, dos quais 2.137 são crianças.
A solidariedade de muitos entra em ação: uns abrem as portas da casa, outros levam géneros alimentícios para comer, outros ajudam na limpeza das escolas e espaços, para acolher a todos. No Domingo pela manhã, na Missa, o Movimento da Legião de Maria organiza rápidamente um ofertório para os refugiados, e chegam: amendoins, mandioca, arroz, pão, sabão, e roupas.
Muitos organismos estão alertados. E até de Praga, tanto da ONG Siriri, como do Ministério dos Negócios Estrangeiros, chegam as ajudas. Até um pequeno grupo de amigos italianos, reunidos para uma patuscada, faz uma colecta e recolhe 150 euros. Maravilhosa generosidade!
Segunda-feira pela manhã Celebramos Missa para todos os alunos das nossas escolas (materna, elementar, médias, liceu, e alfabetização): um “exército” de crianças e jovens invadem a Igreja.
Quarta-feira, de tarde, fui para Bouar. Nos primeiros 70 quilómetros há 17 barreiras de anti-balaka, armados de fusis e outras armas: cada 4 quiómetros, pouco mais ou menos. Naturalmente, em todas as barreiras eu paro, e temos um diálogo com estes jovens que dizem que querem defender o país, mas ao mesmo tempo obrigam a todos a parar e  pagar algo.
Quinta-feira, pela manhã, juntamo-nos para a sessão diocesana: é a reunião anual que reúne todas as Paróquias. Este ano, vista a situação, a reunião reduz-se a um só dia. Mas, é impresionante escutar o testemunho de muitos Padres, Irmãs e Catequistas das zonas mais perigosas, que testemunham a presença de Deus Pai. Quase metade da Diocese está ameaçada: algumas cidades são alvo de ataques (Ngaundaye, Ndim, Bocaranga, Niem), e muitísimos fogem para zonas menos perigosas (Bozoum, Bouar).
Sexta-feira, pela manhã, encontramo-nos com outros párocos, Irmãs e Catequistas, das zonas mais martirizadas, e procuramos organizarmo-nos para ajudar melhor. E muitos se vão com os remédios para curar os refugiados.
Outubro é o mês missionário, e o começamos assim, com muita pena pela pobre gente que sofre e foge. Com muita pena pelas vítimas (assassinatos, saques, violências). Com muita pena pelos grupos armados, autores de tudo isto. E com muita pena também por quem poderia e deveria fazer algo, e não e o faz.
 


i doni dell'offertorio per gli sfollati



Alzabandiera al Lycée St Augustin

Messa per gli alunni




I medicinali per gli sfollati
Les médicaments pour les déplacés