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sábado, 25 de maio de 2019

Luzes e sombras



 

Luzes e sombras
O tempo passa, e termina outra semana.
Sexta-feira passada fui a Bocaranga, e no dia seguinte a Koui, a 170 quilómetros de Bozoum. Esta aldeia, ocupada pelos rebeldes do movimento 3R de Sidiki, é bastante tranquila. Tinha estado aqui há um mês com o Senhor Bispo, e voltei para cumprir uma das promessas feitas: ajudar as escolas e os professores.
Em cerca de vinte escolas, disseminadas num raio de noventa quilómetros, sessenta professores esforçam-se para educar mais de 4.000 crianças. Só há um professor oficial, todos os outros são "maitres-parents": jovens e adultos da aldeia que fazem o que podem para dar um pouco de instrução. E com frequência trabalham durante todo o ano sem que a comunidade da aldeia lhes dê coisa alguma ...
Graças ao apoio da ONG Cordaid (a Cáritas holandesa) podemos pagar uma pequena quantidade mensal de 15.000 francos (uns 22 euros). É pouco, mas já é muito para as famílias dos professores.
A aldeia de Koui é tranquila, e os professores estão muito contentes. Reúno-me com eles, explico-lhe o sentido e as condições desta ajuda, e pela tarde volto a Bozoum.
E depois deste flash de luz e esperança, nos dias seguintes chegam muitas notícias más
No Domingo à noite a Irmã Inês, uma religiosa espanhola de 77 anos, foi assassinada em Nola, a 600 quilómetros de Bozoum. Provavelmente trata-se de um ato de vandalismo, ou talvez de um assassinato ritual.
Na terça e quarta-feira, apesar dos recentes acordos de paz de Cartum (ou talvez, precisamente por causa deles?), alguns grupos rebeldes provocam ataques e massacres: em Pauoa (140 quilómetros de Bozoum) há 30 mortos. Os rebeldes 3R (os mesmos que estão instalados em Kouui) atacaram Loura (170 quilómetros) onde mataram mais de 20 pessoas, e em Bohong deixaram pelo menos 30 vítimas.
 E, entretanto, os estragos da extração de ouro continuam sem alterações….

Scuola di Sambai
école de Sambai


 
Koui

cappella di Ferme Sarki
Chapelle de Ferme Sarki








sábado, 18 de maio de 2019

E... nada!




E... nada!
E nada: Foi uma semana tranquila. Como o podem ser as semanas em Bozoum.
Agora encontramo-nos no fim do ano escolar e, entre os grandes e pequenos compromissos, avançamos.
E nada: os nossos meninos e meninas, rapazes e raparigas das nossas escolas de Bozoum preparam-se para o último sprint. Do Jardim-de-infância ao Liceu, passando pelas escolas elementares, o Centro de órfãos Arc en Ciel, a alfabetização e o Centro de promoção feminina, são mais de 1,500 os alunos que todos os anos acorrem às nossas escolas. Sem contar os outros 2.400 que vão às escolas nos povoados da savana.
 E nada: sábado e Domingo, na paróquia, recebemos alguns jovens das paróquias vizinhas (vizinhas…: Baoro está a 170 quilómetros e Bossemptele a 90) para um pequeno fórum. Foi uma oportunidade para refletir, rezar e deixar-se tocar pelas palavras do Papa francisco: “Cristo vive. Ele é a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo. Tudo o que Ele toca se converte em jovem, em novo e cheio de vida”. Foram eles que animaram a Celebração da Missa do Domingo.
E nada: vamos em frente, dia após dia, procurando escutar e responder às perguntas e às necessidades de muita gente.
E as diversas promessas para controlar, e resolver os problemas criados pela exploração selvagem do ouro, por parte das companhias chinesas? Por agora… nada.



Messa dei giovani a Bozoum
Messe des jeunes à Bozoum




Il cantiere della Radio di Bozoum
Le chanteir de la Radio de Bozoum


Lavori in vista
Travaux à faire...





sexta-feira, 10 de maio de 2019

Semana agitada, com moderação





Semana agitada, com moderação
Domingo, 5 de maio, a nossa paróquia de Bozoum esteve em festa: umas cinquenta pessoas, entre raparigas, rapazes e adultos receberam o sacramento da Confirmação. É o Sacramento da maturidade da fé, do Dom do Espírito Santo, do fogo do testemunho de Cristo (e este é o sentido dos vestidos vermelhos, dos que vão receber o sacramento).
Segunda-feira fui para Bangui. Desta vez fiz a viagem de avião, também por questões de segurança, depois dos problemas das semanas passadas por causa das Empresas chinesas que extraem o oiro. Viajo um pouco preocupado, porque as acusações que me dirigiram, por parte do Primeiro-Ministro, no Parlamento, são muito duras (ainda que ridículas). Ainda assim, viajo tranquilo, porque sei que a minha consciência está tranquila, porque o que fiz estava bem. E também porque há muita gente, um pouco de todas as partes do mundo (desde Bozoum a Bangui, da África-Central à Europa, e a outros lugares) que me ajuda e reza por mim.
Na quarta-feira, no início da tarde, fui a uma entrevista com o Primeiro-Ministro. Estive acompanhado pelo Bispo de Bangui, o Cardeal Dieudonné Zapalainga e pelo Bispo de Bouar. O Cardeal tem uma autoridade impressionante e é respeitado por todos.
O Primeiro-Ministro recebeu-nos juntamente com os três Ministros implicados no problema das minas de oiro de Bozoum: o Ministro das minas, o do meio ambiente e o das florestas. Com o coração e o pensamento nos milhares de pessoas de Bozoum, que sofrem a causa da injustiça desta indústria da extração, nós expressamos em viva voz os seus problemas e preocupações: o desastre ambiental do leito do rio escavado e alterado, a contaminação da água, e as consequências económicas nas Comunidades locais.
Apesar de algumas ameaças e críticas, o Governo reconhece que tinha havido alguns erros, e decide que se mande a Bozoum uma nova Comissão de investigação, e que pedirão à empresa chinesa que inicie os trabalhos prometidos (uma escola, um dispensário e alguns poços) e que ponha em ordem o leito do rio.
São promessas, mas espero que se consiga algo em concreto.
E em concreto, nós iniciamos os trabalhos para a construção de uma Rádio Comunitária aqui em Bozoum, financiada pela Minusca. Uma iniciativa que permitirá informar e educar, em um país onde a Rádio é muito ouvida e seguida















sábado, 4 de maio de 2019

Um pouco de agitação..

gli orfani dell'Arc en Ciel
les orphelins du Centre Arc en Ciel




Um pouco de agitação...
Muitos de vós já o sabeis... foi uma semana bastante agitada.
 Sábado 27 de abril voltei ao rio, porque queria ver a situação do rio Ouham e se as empresas chinesas continuavam a extrair o oiro.
Tirei algumas fotos: de facto as obras não pararam.
Quando tomava a estrada para voltar, chegou um militar, que me obrigou a parar. Estava armado, e eu não confiava nele e disse-lhe que seguia em frente. Chamou, pela   Rádio, outros soldados que chegaram imediatamente.
Perguntaram-me porque tinha tirado as fotos do lugar... respondi-lhes que não estava proibido, mas também que não tinha estado na obra, mas sim no outro lado do rio, que era o rio Ouham. Estavam muito agitados, gritaram para mim, tiraram-me a câmara das fotos e o telefone e arrastaram-me.
Acompanharam-me até onde tinha deixado o carro e disseram que estava preso. Um deles disse-me: Tu, que és homem de Deus, não tens vergonha fazer estas coisas? Respondi-lhe que, ao contrário, tinha vergonha deles que deviam proteger o País e não vendê-lo aos estrangeiros…..
Como insisti que não tinha estado na obra, quiseram que voltássemos aonde tinha tirado as fotos. Tomamos o caminho, sob um sol escaldante, e andamos um quilómetro e meio pela terceira vez.
Finalmente voltamos para o carro, tiraram-me as chaves, fizeram-me subir e saíram a grande velocidade para a Brigada Minera (presente dos chineses!!!). Mas tínhamos que atravessar a cidade e as pessoas compreenderam que havia “um problema”.
Chegamos à Brigada Minera, e imediatamente chegou uma multidão de jovens, mulheres, e outras pessoas, gritando e pedindo a minha libertação imediata. A situação era quase cómica: os militares que tinham medo, não sabiam o que fazer e, eu, esperava…. E pretendia que me devolvessem em primeiro lugar o telefone e câmara fotográfica. Depois de alguns minutos, decidiram pôr-me em liberdade.
Finalmente, saí da Brigada Minera. A multidão estava louca de alegria, e voltei em motocicleta. As chaves do carro ainda não tinham chegado. Toda a cidade estava na estrada, todos muito contentes pela minha libertação, mas também muito zangados com as autoridades, e sobretudo com a empresa chinesa.
Voltei à Missão, mas na cidade a situação era explosiva: as pessoas construíam barricadas, e um carro da empresa tinha sido queimado.
A gente ameaçava com o descer ao lugar das obras para expulsar os chineses. Por isso voltei à cidade com o Prefeito e o Procurador da República, e tentamos acalmar a multidão. Mas precisamente naquele momento, um carro da FACA (/Exército Centro- Africano) chegou a toda a velocidade, com uma dezena de elementos. Estavam armados, mas a multidão (entre 3.000 a 4.000 pessoas) dirigiu-se para eles e repeli-os. Quando estavam perto do carro, começaram a disparar à queima-roupa. Atiramo-nos para o chão e, graças a Deus, não houve nem feridos nem mortos.
Por fim voltamos. Levei a multidão para o centro da cidade, e subi a uma barricada e convidei-os a que voltassem para suas casas, e que não respondessem com violência. E que estes problemas tinham que ser regulados pela Lei.
E se foram…. Singila na Nzapa. Graças a Deus!
Os dias seguintes foram muito tensos. Mas além disto, as autoridades de Bangui reagiram, acusando-me de ser, eu mesmo, um traficante de oiro.
E agora, uma vez mais, permito-me publicar aqui algumas fotos do facto. Com a ajuda de Deus e de muitas pessoas: “esse é o meu oiro”.

LYcée St Augustin, 2007

Aiuti ai profughi, 2008
Aides aux déplacés, 2008

Febbraio 2019
Février 2019





Lo studio dentistico
le cabinet dentaire


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Fiera di Bozoum
Foire de Bozoum

Gli orti di Bozoum
Les jardins potagers de Bozoum

2013: aiuti a Bata, vittima di un attacco della Seleka
2013: aides à Bata, victime d'une attaque de la Séleka

Il Centro di Formazione Femminile di Bozoum
Le Centre de formation féminine de Bozoum



La Cassa di Risparmio e Credito di Bozoum
La Caisse d'épargne et crédit de Bozoum

La cappella di Tatale
La chapelle de Tatale

La Chiesa di Bozoum
l'église de Bozoum
Formazione delle cooperative agricole
Formation des groupements agricoles