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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Fotografia e mais coisas

 

 

Fotografia e mais coisas

A semana passada fiquei em Banguí, ocupado em reuniões e diversos projetos.

No Domingo, pela manhã, Participei na cerimónia de entrega de prémios de um concurso fotográfico, o Festiphoto de Fátima.

A Paróquia de Fátima, encontra-se justamente no limite entre dois mundos: a parte mais muçulmana e a mais cristã (ainda que os limites não sejam claros, e há pessoas que vivem indiferentemente numa e noutra parte). Por esta situação, nos anos passados a Paróquia foi palco de ataques e violências. E precisamente por isso a comunidade paroquial tenta envolver crianças, jovens e adultos na construção de um mundo mais pacífico e sereno.

O Pe. Moses, o pároco, tinha-me contactado, há alguns meses, para contar as aventuras e a luta pela proteção do ambiente aqui em Bozoum. E por isso fui convidado como “padrinho” da entrega dos prémios. O tema do concurso fotográfico era este: “África-Central, maravilhas humanas e ambientais” (aqui o seu site com as fotos premiadas: http://ndfbanguifilmcentre.com/home.html#).

Encontrei muitos dos meus ex-alunos entre os organizadores, e estou muito orgulhoso deles. É bonito ver que o trabalho de tantos anos começa a dar algum fruto.

O vencedor do Primeiro Prémio foi Molenguela Rodrigues, uma jovem fotógrafa de Banguí, com uma bela foto a preto e branco. Mas também as demais fotos exposta eram muito bonitas e significativas.

Voltei a Bozoum segunda-feira, e terça-feira cerca de uma centena de alunos iniciaram o exame de BC ((Brevet des Collèges), que permite aos alunos entrar no Liceu.

Ao voltar a Bozoum, recebi uma boa notícia: muitas pessoas, e muitos amigos, ofereceram-se para me ajudar na aquisição de um carro novo, depois do acidente do mês passado. E já temos mais de metade da quantidade necessária.

Um grande obrigado a todos. E são muitos! De alguns tenho os seus nomes, e de outros não. E começo a agradecer a Silvano, Eva, Maria, Roberta, Regina, Paola, Lorenzo, Guido, Roberto, Maria, Antonio, Maria Luisa, Bruno, Ángela, Maria Elena, Patricia, Hilaria, Anna Maria, Roberto, Rosana, Marsella, Paz Vidal, Mauricio, Isabel, Maria, Francesco, Blanca, Ignacio, Vicente Alberto, Alejo, Franco, Maria, Carlos, Lourdes, Cristina, Bertran, Ugo, Tiziana, Giuseppe, Parroquia de San Mauricio mártir, Mauro, Roberto, Giovanni, Giovanni, Ornella, Cristina, Maria Grazia, Ferdinando, Sarah, Francesco, Silvana, Gianfranca, Laura, Angelo, Giannina, Maurizio, Elisabetta, Maria, Anna.

Obrigado!

Il Primo premio
le Lauréat du Festiphoto 2020

 










Esami esami




 

domingo, 20 de setembro de 2020

Começos

 

 

Começos

 Sábado 12 de setembro é um grande dia para o pequena aldeia de Bokongo, a 15 quilómetros de Bozoum, no caminho de Bangui. Hoje inauguramos a nova capela, e é uma grande festa para todos.

Enquanto nos preparamos para a Missa, vejo entre as pessoas alguns rostos desconhecidos e novos, pessoas que vieram das aldeias vizinhas. Há também Pastores de outras igrejas protestantes e muitos outros.

O P. Mateo benzeu a capela do lado de fora, e depois entramos todos juntos em procissão. É bonito ver este espaço cheio de gente que reza, canta, dança e celebra com alegria a graça de Deus.

As pessoas estão muito contentes. Viemos com algumas pessoas de Bozoum (catequistas, coro, pedreiros e carpinteiros). E hoje há duas procissões no Ofertório. A primeira é para a comunidade de Bokongo, e a segunda para os pobres de Bozoum e da aldeia. E neste ponto vemos com surpresa, que entretanto também o Peul, (pastores nómadas), veio. São muçulmanos e quiseram dar também um pequeno sinal de gratidão.

Depois da Missa, há um clima de festa: enquanto as pessoas dançam, e se encontram, algumas mães acabam de preparar o almoço para os convidados, catequistas, pedreiros...

Um dia depois, Domingo 13 de setembro, celebramos na paróquia o início do ano pastoral. Depois de uma paragem das atividades, por causa do coronavirus, é o momento (com cautela) de retomar a catequese e as atividades dos movimentos.

Também eles se apresentam hoje com dons para os pobres e para os órfãos da paróquia. Em Bozoum as pessoas são muito generosas!

Segunda-feira desço Bangui com alguns Confrades: nestes dias o nosso Superior Provincial, P. Javier, veio visitar-nos. Estamos no início do triénio, é o momento de mudanças para novos destinos para muitos de nós. Nestes dias encontramo-nos e procuramos ver o que é melhor para responder às necessidades das pessoas, e da Igreja na África-Central, e sobretudo, para compreender qual é a vontade de Deus.


P.Matteo










Bozoum




 

 

domingo, 13 de setembro de 2020

Construir e reconstruir

 

La nuova cappella di Bokongo
La nouvelle chapelle de Bokongo



Construir e reconstruir

Despois de alguns meses de trabalho, amanhã, sábado 12 de setembro, benzeremos a nova capela da aldeia de Bokongo

Já há alguns anos, graças à generosidade de gente boa, escavamos o poço e construímos  uma bonita escola. E, agora graças à generosidade de outra pessoa, um Sacerdote, pudemos construir uma bonita capela.

De forma retangular, com um campanário em forma de cruz de ferro na fachada, para criar um espaço coberto. A pequena capela mede 12 metros por 7. Muito luminosa e arejada, está construída com ladrilhos de terra estabilizada (uma técnica nova, aqui na  África-Central).

No interior, (da capela), encontram-se os bancos para o povo, e na zona da celebração Eucarística, um altar de madeira. E no fundo há uma cruz, e um bajo-relevo em terracota, que representa a Sagrada Família (à qual a capela está dedicada).

Esta aldeia, a 15 quilómetros de Bozoum, terá assim um belo lugar para rezar, e celebrar.

E nesta aldeia há 200 famílias de Peuls (pastores nómadas) que regressaram. Trata-se de tribos nómadas, cuja única riqueza é a de criar vacas. Estavam aqui em fevereiro, e já então tínhamos tentado ajudá-los. A aldeia acolheu-os sem demasiados problemas. Eles tentaram ir mais para o sul, mas agora regressaram novamente.

É uma aldeia muito antiga, com tradições muito antigas, os Peuls provenientes do Chad e de países como a Nigéria e os Camarões. Estão na África-Central desde o princípio do século XX, e para eles, fronteiras e leis são conceitos bastantes abstratos.

Mas nestes anos de guerra, e de desordem, perderam quase todos os animais. E deste modo foram obrigados a trasladarem-se, procurando um alojamento definitivo. Mas a miúde são vítimas de abusos e assédios, tanto por parte dos diversos grupos de movimentos rebeldes (como os 3R, que se servem deles como escudos para justificar a sua existência, e depois poder usá-los e roubá-los), como por parte das autoridades.

Precisamente nestes dias passados, o Prefeito mandou-me a lista dos Peuls, pedindo-me que os atendesse. E nós o faremos com todo o gosto. Mas não gosto de ver que, enquanto as autoridades pedem à Cáritas que ajude as pessoas, as mesmas autoridades se aproveitam delas. Obrigaram a todas as famílias peuls a que façam um documento de identificação (que tem um valor jurídico praticamente nulo), e fê-los pagar. A cifra paga ao Prefeito (5.000 franco, uns 7’5 euros) é algo enorme para quem se encontra em necessidade e praticamente não tem nada.

E dói ver que quem deveria precisamente proteger a população, aproveitar-se dela para enriquecer.









 





A scuola
à l'école

Peuls à Bokongo