Esperar ou desesperar?
A África-Central continua
o seu caminho. Mas para onde?
Há momentos em que eu me
pergunto.
Por um lado, há a vontade
de ver o lado positivo, os pequenos passos que permitem que muitos saiam da
crise, para construir algo, os pais que se sacrificam para mandar os seus filhos
à escola, as famílias que se dedicam aos outros, jovens que tentam crescer,
além de tudo; o sorriso das crianças, os cantos e as danças dos adultos, que
enchem com frequência as noites; as mulheres e os homens que cultivam os campos
e trabalham com dignidade...
No sábado, dia 16, fui a
Bocaranga para uma reunião sobre um projeto da Cáritas (reconstrução de casas,
reparação de estradas, comunidades de poupança e crédito...). De tarde fui a cumprimentar
os alunos catequistas, que com as suas famílias frequentam a escola para
aprender a dirigir as comunidades cristãs. Estão aqui desde dezembro, e os
cursos (Palavra de Deus, catequese, teologia, sacramentos, moral, família, mas
também cozinha e carpintaria) continuarão até
maio.
No caminho de volta parei
na aldeia de Tolle. Na pequena igreja, recentemente restaurada, há uma imagem
do Menino Jesus de Praga, que é o Patrono da comunidade.
Ao longo da estrada vi alguns
Peuls, tribo nómada de pastores. Estão voltado lentamente, ajudados, infelizmente,
pelos rebeldes do movimento 3R, um dos movimentos que estão discutindo com
o governo.
Infelizmente, o diálogo
de Cartum, no mês passado, parece que não se vai concretizar. O Estado formou
um novo governo, mas o facto de manter a maioria dos antigos ministros provocou
a ira de vários movimentos rebeldes: desde algumas semanas a estrada, a única,
que permite a chegada de mercadorias na África-Central, está bloqueada em
Zoukoumbo pelos rebeldes...
E o Estado, em vez de
tomar a sério o bem comum, dedica-se a assegurar o bem-estar de quem está no
poder.
Desde há dois meses
atrás, precisamente nos arredores de Bozoum, uma empresa chinesa abriu pelo
menos 17 minas em busca de oiro: desviam o curso do rio Ouham, e com pás mecânicas,
e escavadoras vasculham o fundo do rio. É impressionante ver o desastre que causaram:
montanhas de cascalho, buracos cheios de água, o curso do rio arruinado, a água
contaminada (e provavelmente usam mercúrio para facilitar a descoberta de oiro).
Só entre maquinaria, e combustível,
calculei um gasto diário de pelo menos 30.000 euros. E quanto devem ganhar para
gastar tanto?
As autoridades fingem não
saber de nada, e o oiro sai para os Camarões, todas as semanas. E na fronteira (curiosamente)
não há nenhum controle! E nos cofres do Estado
não entra nada!
Esperar ou desesperar?
Peuls a Ngoutere |
Tolle |
cantieri dell'oro a Bozoum les chaniters pour l'or à Bozoum |
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