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sábado, 23 de março de 2019

Esperar ou desesperar?







Esperar ou desesperar?
A África-Central continua o seu caminho. Mas para onde?
Há momentos em que eu me pergunto.
Por um lado, há a vontade de ver o lado positivo, os pequenos passos que permitem que muitos saiam da crise, para construir algo, os pais que se sacrificam para mandar os seus filhos à escola, as famílias que se dedicam aos outros, jovens que tentam crescer, além de tudo; o sorriso das crianças, os cantos e as danças dos adultos, que enchem com frequência as noites; as mulheres e os homens que cultivam os campos e trabalham com dignidade...
No sábado, dia 16, fui a Bocaranga para uma reunião sobre um projeto da Cáritas (reconstrução de casas, reparação de estradas, comunidades de poupança e crédito...). De tarde fui a cumprimentar os alunos catequistas, que com as suas famílias frequentam a escola para aprender a dirigir as comunidades cristãs. Estão aqui desde dezembro, e os cursos (Palavra de Deus, catequese, teologia, sacramentos, moral, família, mas também cozinha e carpintaria) continuarão até  maio.
No caminho de volta parei na aldeia de Tolle. Na pequena igreja, recentemente restaurada, há uma imagem do Menino Jesus de Praga, que é o Patrono da comunidade.
Ao longo da estrada vi alguns Peuls, tribo nómada de pastores. Estão voltado lentamente, ajudados, infelizmente, pelos rebeldes do movimento 3R, um dos movimentos que estão discutindo com o  governo.
Infelizmente, o diálogo de Cartum, no mês passado, parece que não se vai concretizar. O Estado formou um novo governo, mas o facto de manter a maioria dos antigos ministros provocou a ira de vários movimentos rebeldes: desde algumas semanas a estrada, a única, que permite a chegada de mercadorias na África-Central, está bloqueada em Zoukoumbo pelos rebeldes...
E o Estado, em vez de tomar a sério o bem comum, dedica-se a assegurar o bem-estar de quem está no poder.
Desde há dois meses atrás, precisamente nos arredores de Bozoum, uma empresa chinesa abriu pelo menos 17 minas em busca de oiro: desviam o curso do rio Ouham, e com pás mecânicas, e escavadoras vasculham o fundo do rio. É impressionante ver o desastre que causaram: montanhas de cascalho, buracos cheios de água, o curso do rio arruinado, a água contaminada (e provavelmente usam mercúrio para facilitar a descoberta de oiro).
Só entre maquinaria, e combustível, calculei um gasto diário de pelo menos 30.000 euros. E quanto devem ganhar para gastar tanto?
As autoridades fingem não saber de nada, e o oiro sai para os Camarões, todas as semanas. E na fronteira (curiosamente) não há nenhum controle! E nos cofres do  Estado não entra nada!
Esperar ou desesperar?




Peuls a Ngoutere

Tolle


cantieri dell'oro a Bozoum
les chaniters pour l'or à Bozoum






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